miércoles, 24 de septiembre de 2008

Crise ambiental: até onde vamos chegar?

Alejandro Rutto Martínez

La Guajira, Colômbia / Meio Ambiente – São sete horas da noite, de uma quarta-feira e de repente o céu começa a ficar branco nas proximidades da Universidade da Guajira em Maicao. Uma pessoa a meu lado pergunta surpreendido de que se trata e antes que eu responda, um dos vizinhos logo responde: "isso não é uma nuvem passageira, nem neblina. São partículas de sal que voam pelo ar. Elas vêm de um moinho próximo. Todas as casas do bairro estão sendo danificadas por causa do salitre". De repente começamos a conversar a respeito de uma das múltiplas facetas da contaminação ambiental.

Há várias décadas os especialistas da área ambiental vêm advertindo com insistência: o mundo está chegando a seus limites e, cedo ou tarde, a natureza nos passará a conta e, então, pagaremos caro pela ousadia de ter abusado dela que foi tão nobre e generosa, proporcionando-nos tudo o que nossa espécie precisou para viver. No entanto, viver bem não parece ser suficiente segundo a religião dos avaros.
Por isso o planeta tem sido saqueado, ferido, sacrificado, destruído... e as consequências estão à vista. Atualmente não se fala de crise ambiental como um acontecimento futuro, mas como um fato iminente, devastador e, em alguns casos, irreversível.

O assunto já não é de um amanhã distante, hipotético e etéreo que provavelmente nunca chegará. É um fenômeno de nossos dias cujas evidências se manifestam como parte normal da cotidianidade. Para quem vivemos em terra quente a televisão é generosa em mostrar-nos as imagens de outras regiões e assim temos sido testemunhas do degelo de geleiras que se consideravam eternas. O anúncio feito no passado de que os pólos se derreteriam começou e suas conseqüências serão sentidas lentamente nas regiões litorâneas do mundo.
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Mas não é só isso. O aquecimento global se sente e não só nos termômetros. O solo, os oceanos e a pele sofrem com o calor excessivo. E, segundo as previsões dos especialistas, a temperatura vai continuar subindo. Que será do planeta quando a temperatura chegar aos limites máximos? E como sobreviverão os habitantes de regiões onde as temperaturas médias atingem 37º, sem aquecimento global?

E há mais ainda: chuvas intensas em zonas habitualmente secas e semidesérticas como a Guajira. Aguaceiros que chegam de uma hora para outra, sem o anúncio prévio do céu cinza, dos trovões e dos relâmpagos. E as conseqüentes inundações em bairros onde geralmente a pobreza é companheira permanente dos moradores.
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E mais ainda: zonas ribeirinhas desmatadas pela ação do homem; rios que transportam lixos e detritos químicos (também pela ação nefasta e irracional dos seres humanos), e finalmente o espetáculo dantesco de nossos tempos: rios que morrem de sede e só dão sinais de vida durante a época de chuvas.
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E há muito mais, bem mais: poluição auditiva, enrarecimento do ar, destruição progressiva da camada de ozônio…enfim.

Perto do cemitério, em Maicao, várias indígenas wayüu vendem petróleo em garrafas descartáveis. O custo da menor é de $1.000. Detrás, numa loja de comerciantes da região, vendem a mesma garrafa cheia de água purificada e seu custo é de $1.200. Meu Deus! Hoje a água é mais cara que os combustíveis. É um fato, e não um conto, que o mundo está chegando aos seus limites.
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Alejandro Rutto Martínez é um prestigioso escritor e jornalista ítalo-colombiano, além de exercer a docência em várias universidades. É autor de quatro livros sobre ética e liderança e figura em três antologias de autores colombianos. Leia seus trabalhos em MAICAO AL DIA, página na qual você encontrará relatos, crônicas e belas peças da literatura colombiana.
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